segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

por que fomos pra praia mesmo?

"Trudging slowly over wet sand
Back to the bench where your clothes were stolen
This is the coastal town
That they forgot to close down
Armageddon - come armageddon!
Come, armageddon! come!"


sinto como se fosse agora aquele dia que fugimos. a ida é sempre só prazer. seu sorriso e o meu em seguida. meu sorriso primeiro e tu surpreso com o movimento da minha boca, dos meus dentes. tu também sorria depois do meu sorriso. por que sempre esse filmezinho nessa hora? aprendi que o final é que era feliz.

quando a gente chegou na praia eu te beijei. os sorrisos pararam. tudo ficou super-intenso. não sei se era prazer. mas era o que devíamos ter feito. gastamos nossas energias. ficamos quietos observando o mar. fumamos. mas por que não um sorriso? o teu que leva sempre ao meu ou o meu que te surpreende e que leva ao teu? medo?

na volta, na estrada, eu estanco o choro. você perde a paciência. prevejo toda a angústia semanal. a minha, intensa. a tua, disfarçada e diluída na tua rotina. você só quer esquecer. por que sair de casa então? por que a praia num final de semana tão nublado?

se a semana sempre começa cinza pra mim...

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

pensamentos e ponto

Acordei hoje pensando em ti. Sobrou tempo pra pensar no que a gente poderia fazer à noite, depois que tu chegar do trabalho. Imaginei que tu estaria muito cansado, semana difícil, mas como faz tempo que a gente não fica junto, pensei num teatro, coisa leve, rápida, depois em te levar praquele restaurante que há horas tô tentando te levar. Vislumbrei tu me agradecendo por te levar lá. Sorri pensando no teu sorriso.

Como não preciso trabalhar hoje, pensei tanto em ti. Li coisas que tinham tudo a ver comigo e contigo. Lembrei que amanhã, depois que eu chegar da aula, a gente pode almoçar com as meninas naquele restaurante que tu tanto gosta, tomar uma ceva e depois vir aqui pra casa. Ficar jogado na cama. O que faríamos à noite? Eu deixaria na tua mão a escolha, de repente sairíamos pra dançar, como das primeiras vezes. Éramos tão felizes, não? Ah, como eu era.

Enquanto tomava café, depois do almoço, pensei tanto em ti. Imaginei o nosso domingo. Um mate no parque, que tal? Depois um cineminha. Talvez. Cerveja gelada (de novo, que bom) no final da tarde. E imaginei que toda semana é a mesma coisa. Sempre as mesmas vontades. Eu sempre querendo a mesma coisa. Sempre contigo.

Depois de tanto pensar, tentei esquecer tudo isso. Porque hoje, na verdade, eu não posso te ligar. Nem amanhã. Nem depois. Porque tudo o que a gente não vai fazer, talvez, tu faça com ele.

Que mania a minha de pensar em ti quando sobra tempo... E isso já há tanto tempo.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

eu sei que acabou

mas mesmo assim passei o dia esperadno um sinal teu. e ele, talvez, tenha vindo. todo torto. e, talvez, não tenha vindo. porque eu ainda te espero nessas noites em que a minha única companhia são os meus pensamentos soltos, minhas falas de reclamações, minhas vontade de abandonar tudo. álcool, quando tem. e música, que ainda me dou esse direito. mistura aquele medo da rejeição do pouco que ainda me aceita. então eu invento novas possibilidades diante de tanto vazio. e lembro de todo o tempo perdido. de toda a angústia de antes e do ápice do nada de hoje. uns já sentiram pena de mim. e se enxergaram na mesma merda. quero fazer uma música sobre tudo isso. ou quem sabe um filme. ou quem sabe um livro. uma poesia? tu sabe que eu não sou capaz. então deixa assim. deixa assim. você já deixou assim há muito tempo.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

nosso último jantar

- eu te convidei pra vir aqui hoje, não que eu quisesse que fosse um fim planejado, da melhor fora
- nada de gran finale, tu sabe que eu não sou chegado nisso, nesses teatros
- na real, eu resolvi cozinhar, fazer essa comida pra gente, comprar esse vinho que eu gosto e que sei que tu gosta pra que fosse bom
- por mais que eu tenha decidido que a gente não tem que se ver mais, não foi um fim programado
- porque sempre foi tão bom a gente junto, tu sabe disso
- e é exatamente por isso que tu me procura, até hoje
- e é por isso que eu nunca reclamei, por isso que aceitei essa condição de amante
- hehehe, justo eu, que sempre fui contra isso, que sempre defendi todas aquelas posições
- não, não tô te cobrando nada, só tô conversando
- porque, entre nossos porres, nossas conversas e o sexo, eu acabei te conhecendo
- e não precisa muito pra descobrir que tu quer uma certeza
- e isso tu já tem
- eu sou a incógnita disso tudo
- melhor que certeza, tu quer segurança
- e isso ele te dá
- não, não quero discutir nada
- e vamos parar de falar sobre isso
- eu já tinha te dito que não era despedida
- mesmo que seja
- é claro que quando tu for embora e a porta já estiver fechada, vai ser diferente
- e eu, e tu, nós saberemos que chegou ao fim
- talvez eu tome um remédio e durma
- talvez
- talvez chore, o que seria ótimo
- mas talvez eu finja que é melhor assim
- e só sinta tudo forte no outro dia
- vamos parar de falar sobre isso
- desculpa
- só vai embora, como se fosse mais uma das vezes que tu me deixou e agüentei duro no osso
- sozinho, quieto
- vai, me abraça, me beija como de todas as outras vezes
- eu não vou falar mais nada
- vai lá, te cuida

(estou sozinho)

sim, foi um fim

domingo, 9 de novembro de 2008

ver você

você poderia simplesmente me cumprimentar. mas você preferiu me encontrar em todos os lugares possíveis e estar comigo o tempo todo. você me preferiu ontem à noite. você ignorou ele, que sempre ganha todas as atenções. você deixou de lado aquele que vive contigo. e me deixou, meio assim, sem reação. eu não consegui o teu beijo. mas consegui o teu amor e a tua vontade de beijo. eu teria que ser um pouco mais ousado. talvez. talvez tudo isso seja uma piração. tudo bem. não tenho medo...

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

autógrafo

eu fui no lançamento do teu livro. e tu me viu. eu vi a tua cara. não tive coragem de entrar. eu já tinha bebido. tinha até me arrumado. passado perfume. mas fiquei só na espreita. qualquer preparação que eu tivesse feito já não existia mais. era só um pouco daquilo que tu desprezou. tudo bem, eu sabia que uma hora ia acontecer. senti o silêncio de todos a sua volta com a minha presença. aquilo que chamam de climão. ele tava lá. claro. recebendo as pessoas. perfeito. como tu precisava pra esse momento. pedi pra me darem um livro. alguém faria essa gentileza. eu mexia não só contigo, mas com alguns que estavam lá. pode ter sido piedade. aquilo que chamam compaixão? será que era isso? fiz questão de abrir a carteira e pagar por cada linha que tu escreveu. paguei cada centavo daqueles quase trinta reais e fui embora pro bar mais próximo do mais longe dali.

nenhum agradecimento. meu nome em nenhum momento citado. e eu ali o tempo todo. em cada linha. e eu paguei por isso.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

trabalho

falo falo ligo converso

alguém clica

título (sem ponto) explicação do título (sem ponto) primeira linha, tente dizer algo interessante (ponto) mais linhas e mais pontos pronto $$$ e só

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

gosto amargo - parte 1

"agora que tu não precisa mais de mim, seja muito feliz"

o apartamento tava no teu nome. e agora você tem dinheiro. e você não me liga mais. e a gente já está separado. então paga a porra da pintura. tá tudo encaixotado. tudo bonitinho nas caixas de papelão que pedi no supermercado. enquanto arrumava as tuas coisas, os teus móveis comprados na etna (seu brega), eu chorava. ainda havia amor dentro de mim. que se esvaía a cada gotinha que saía dos meus olhos. sim, eu nunca paguei de fino. sempre fui um brega assumido.

eu mandei a minha cama embora. viu? minha cama, que a gente dormia junto, de volta pro sul, pra casa dos meus pais. era cama cara, cama boa, que tu nunca mereceu. e tive que abadoná-la porque agora você se foi. e eu vou morar com a mala daquela retardada que eu conheci no meu intercâmbio pro chile. só um idiota como eu pra estudar espanhol durante um mês inteiro. e você fingia achar lindo essa minha mania de passar trinta dias no mesmo lugar estudando uma língua.

morar no rio, não era isso que tu queria? tem que dar o deu rabo, tem que ser simpático. mas isso não é novo pra ti. e eu não posso ir junto. porque o fio de orgulho que me sobrou não me faz tão louco de abandonar o nada que eu tenho aqui pra ficar com o nada do teu lado no rio. pra tentar algo do teu lado porque tu deixa bem claro que eu não sirvo mais. de que adianta meu salário de redator e meu empreguinho agora pra ti hein. filho da puta. abre o teu sorriso. não precisa mais me agüentar. a porra do meu dinheiro não te serve. e meu corpo, que nunca te satisfez, é o mesmo.

desço o edifício com nojo. e te ligo. e tu não atende e deixo recado. no bar da esquina eu recebo uma mensagem tua que tudo bem. que o pobre do teu irmão vai dar um jeito no apartamento. pra eu ficar tranqüilo? como assim, seu merda. porque agora te enchem o rabo de dinheiro. seu podre. agora tu me quer tranqüilo? vai pagar pensão, vai?

eu sigo aqui. discurso aquele monte de merda pra carol. ela nunca falou nada pra mim, mas sempre soube que tu era um merda. e como todo mundo é merda nessa vida, talvez ela te trate bem um dia. porque tu tem grana e em breve vai ser famoso. e eu sinto tanto nojo de tudo isso.

O que aconteceu: parede pichada, apartamento vazio no centro de são paulo com várias caixas, escadas, frente de prédio no centro, bar, ligação a cobrar e mais bar. vai ter conversa com amiga.

se não me apertas

preciso me envolver no teu corpo. tudo aqui dentro pede. cansei do mental. metafísica? não seja chato. não me venha com essas palavras que me matam aos poucos: calma: espera. porque espera é incerteza. e, quando tu me pede calma, tu me exige paciência. nunca tive. sempre foi puro fingimento. aos poucos vou aprendendo a morrer como uma pessoa normal. sem grandes manifestações. como se por aqui não passassem emoções. choques. nervos. sinapse. essas coisas que matam. que desgastam os neurônios. que lascam o cérebro. que desaceleram o coração. que fazem o sangue circular: sangue doce. queria gastar a minha energia no abraço. e não no aperto do coração.

domingo, 26 de outubro de 2008

de repente calmaria

vamos respirar fundo. vamos seguir a passos lentos? porque as coisas tem que acontecer. não dá mais pra esperar. quero o teu sorriso. quero o teu desprezo. quero qualquer coisa. mas que venha de ti. pra mim. qualquer sentimento. pra me aquietar. pra ter um final. e um começo. de repente a certeza: preciso de calmaria.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

à espera de qualquer fim

falo pelos cotovelos sobre a mesma coisa. pra não pirar. pra não enlouquecer enquanto tento decifrar os sinais. por que não tão claro? será de propósito? será um mistério? ou será que tudo é da minha cabeça? porque o novo prazo já começou. e isso me tortura. destrói tudo duma vez. eu me agüento. por ora não faço merda. fico esperando. acreditando que aquele sinal pode ser pra mim. pra quem mais seria? eu mereço esse sinal? vejo a foto e penso que quero, que quero muito. é aquele sorriso que quero ver no teu rosto no nosso encontro. q vai ter? temo estragar, mesmo antes de qualquer coisa. aposto todas as minhas fichas. e me mato por dentro. e escrevo. palavra por palavra. pra tentar me entender. pra tentar decifrar algo que não se tem certeza. ainda se fosse um beijo. um sinal mais claro pra mim que diga: é pra ti. por enquanto, somente especulação. uma angústia. e comida a conta gotas. pode ser bom. pensar em dizer vai me aniquilando aos pouco.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

a nossa mesa

na mesma mesa que te conheci, sentei ontem. e não consegui nos enxergar. o vinho não era o mesmo. a situação não era a mesma. e eu era o mesmo que estragou tudo. hoje o caminho não foi com plantas, aquelas que surgiram após eu conhecer a tua tristeza que me entendeu. desviei a rota para chegar a tempo. fui pela rota mais cara. porque ontem perdi tempo demais. em vão, mais uma vez.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

gastrite

fingi que não tinha que andar pra frente. então, pra esquecer, andei e venci o dia. mas quando a gente pára, e quando chega a noite, o cérebro nos manda a informação: você tem que seguir pra frente. ou matar tudo o que você conquistou nesses últimos dias: uma grande ilusão? nunca é fácil desistir. andar pra frente é mais duro que levar um não. é aniquilar qualquer coisa que reste de esperança dentro. é preciso andar, pra frente, porque não se pode parar e ficar a mercê de qualquer coisa. é preciso fazer e fazer dói o estômago. hoje acho que tive gastrite. deve ser isso que ouvia de minha mãe quando era pequeno. nunca entendi. aos 28 veio a revelação. e, pior que isso, tive angústia, esta velha conhecida, que dói o corpo e pára na garganta. mas eu respirei fundo. apertei as teclas da modernidades. coração bateu mais forte. e falei. palavra atrás de palavra. como se fosse calmo. como se fosse seguro. senti muito medo. renovei o medo. a angústia, que momentaneamente parou, já tá na estaca 0.1. começou de novo. do zero. mas meu coração desacelerou um pouquinho. pra bater mais forte quando precisar, se é que vão permitir, se é que vou permitir, e agüentar apenas a única grande certeza que me resta: a ilusão se mantém.

atuação

a cena foi perfeita no meio do cotidiano. ele me contou em meio ao vinho. no meio dos doentes, ele entrou e, no meio daquilo tudo, inventou uma farsa. foi aplaudido, recebeu carinho por (pare)ser um problemático como todos que ali estavam na sala. chorou. nunca mais voltou àquele lugar, pois tudo era uma mentira.
comigo, será que não é uma atuação também? provável. eles gostam de platéia. e como sou um debilóide presa fácil, bato palmas. uma pessoa pode ser muitas. você enxerga ela como quiser. como boa, como linda, coma má, como ridícula, como vazia. você escolhe. você também pode ajudar as pessoas a te enxergarem. eu tenho escolhido a pior forma. será que às vezes dá errado? será que no meio do caos ridículo da minha fala e dos meus movimentos alguns enxergam o melhor? ou será mais uma atuação, uma carência de mais palmas? patinho feio, carente, eu bato palmas. enganado ou não. é beleza do mesmo jeito.

domingo, 19 de outubro de 2008

um muso

quem escreve precisa de uma dor. eu tenho muitas. eu precisava era de um muso. descobri sexta em meio a vinho bom. ele mandou parar. ele queria terminar com a minha diversão fácil travestida de vinho bom. era o álcool que eu queria no meu sangue. era não pensar que eu tinha um amor. que me enxergava. que me via como eu sou. não via os defeitos. os defeitos eu mostrava com o álcool. porque ele tinha gostado do meu jeito. não do meu jeito com álcool. ele percebeu uma coisa que poucos percebem. então eu o amei. em meio a tudo aquilo. mas o meu amor não vale nada daquele jeito. e meu muso não tem tempo a perder. eu só perco o meu tempo.

enfim um muso. um amor impossível. e um novo blog. não é a volta do romantismo.