sexta-feira, 21 de novembro de 2008

pensamentos e ponto

Acordei hoje pensando em ti. Sobrou tempo pra pensar no que a gente poderia fazer à noite, depois que tu chegar do trabalho. Imaginei que tu estaria muito cansado, semana difícil, mas como faz tempo que a gente não fica junto, pensei num teatro, coisa leve, rápida, depois em te levar praquele restaurante que há horas tô tentando te levar. Vislumbrei tu me agradecendo por te levar lá. Sorri pensando no teu sorriso.

Como não preciso trabalhar hoje, pensei tanto em ti. Li coisas que tinham tudo a ver comigo e contigo. Lembrei que amanhã, depois que eu chegar da aula, a gente pode almoçar com as meninas naquele restaurante que tu tanto gosta, tomar uma ceva e depois vir aqui pra casa. Ficar jogado na cama. O que faríamos à noite? Eu deixaria na tua mão a escolha, de repente sairíamos pra dançar, como das primeiras vezes. Éramos tão felizes, não? Ah, como eu era.

Enquanto tomava café, depois do almoço, pensei tanto em ti. Imaginei o nosso domingo. Um mate no parque, que tal? Depois um cineminha. Talvez. Cerveja gelada (de novo, que bom) no final da tarde. E imaginei que toda semana é a mesma coisa. Sempre as mesmas vontades. Eu sempre querendo a mesma coisa. Sempre contigo.

Depois de tanto pensar, tentei esquecer tudo isso. Porque hoje, na verdade, eu não posso te ligar. Nem amanhã. Nem depois. Porque tudo o que a gente não vai fazer, talvez, tu faça com ele.

Que mania a minha de pensar em ti quando sobra tempo... E isso já há tanto tempo.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

eu sei que acabou

mas mesmo assim passei o dia esperadno um sinal teu. e ele, talvez, tenha vindo. todo torto. e, talvez, não tenha vindo. porque eu ainda te espero nessas noites em que a minha única companhia são os meus pensamentos soltos, minhas falas de reclamações, minhas vontade de abandonar tudo. álcool, quando tem. e música, que ainda me dou esse direito. mistura aquele medo da rejeição do pouco que ainda me aceita. então eu invento novas possibilidades diante de tanto vazio. e lembro de todo o tempo perdido. de toda a angústia de antes e do ápice do nada de hoje. uns já sentiram pena de mim. e se enxergaram na mesma merda. quero fazer uma música sobre tudo isso. ou quem sabe um filme. ou quem sabe um livro. uma poesia? tu sabe que eu não sou capaz. então deixa assim. deixa assim. você já deixou assim há muito tempo.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

nosso último jantar

- eu te convidei pra vir aqui hoje, não que eu quisesse que fosse um fim planejado, da melhor fora
- nada de gran finale, tu sabe que eu não sou chegado nisso, nesses teatros
- na real, eu resolvi cozinhar, fazer essa comida pra gente, comprar esse vinho que eu gosto e que sei que tu gosta pra que fosse bom
- por mais que eu tenha decidido que a gente não tem que se ver mais, não foi um fim programado
- porque sempre foi tão bom a gente junto, tu sabe disso
- e é exatamente por isso que tu me procura, até hoje
- e é por isso que eu nunca reclamei, por isso que aceitei essa condição de amante
- hehehe, justo eu, que sempre fui contra isso, que sempre defendi todas aquelas posições
- não, não tô te cobrando nada, só tô conversando
- porque, entre nossos porres, nossas conversas e o sexo, eu acabei te conhecendo
- e não precisa muito pra descobrir que tu quer uma certeza
- e isso tu já tem
- eu sou a incógnita disso tudo
- melhor que certeza, tu quer segurança
- e isso ele te dá
- não, não quero discutir nada
- e vamos parar de falar sobre isso
- eu já tinha te dito que não era despedida
- mesmo que seja
- é claro que quando tu for embora e a porta já estiver fechada, vai ser diferente
- e eu, e tu, nós saberemos que chegou ao fim
- talvez eu tome um remédio e durma
- talvez
- talvez chore, o que seria ótimo
- mas talvez eu finja que é melhor assim
- e só sinta tudo forte no outro dia
- vamos parar de falar sobre isso
- desculpa
- só vai embora, como se fosse mais uma das vezes que tu me deixou e agüentei duro no osso
- sozinho, quieto
- vai, me abraça, me beija como de todas as outras vezes
- eu não vou falar mais nada
- vai lá, te cuida

(estou sozinho)

sim, foi um fim

domingo, 9 de novembro de 2008

ver você

você poderia simplesmente me cumprimentar. mas você preferiu me encontrar em todos os lugares possíveis e estar comigo o tempo todo. você me preferiu ontem à noite. você ignorou ele, que sempre ganha todas as atenções. você deixou de lado aquele que vive contigo. e me deixou, meio assim, sem reação. eu não consegui o teu beijo. mas consegui o teu amor e a tua vontade de beijo. eu teria que ser um pouco mais ousado. talvez. talvez tudo isso seja uma piração. tudo bem. não tenho medo...

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

autógrafo

eu fui no lançamento do teu livro. e tu me viu. eu vi a tua cara. não tive coragem de entrar. eu já tinha bebido. tinha até me arrumado. passado perfume. mas fiquei só na espreita. qualquer preparação que eu tivesse feito já não existia mais. era só um pouco daquilo que tu desprezou. tudo bem, eu sabia que uma hora ia acontecer. senti o silêncio de todos a sua volta com a minha presença. aquilo que chamam de climão. ele tava lá. claro. recebendo as pessoas. perfeito. como tu precisava pra esse momento. pedi pra me darem um livro. alguém faria essa gentileza. eu mexia não só contigo, mas com alguns que estavam lá. pode ter sido piedade. aquilo que chamam compaixão? será que era isso? fiz questão de abrir a carteira e pagar por cada linha que tu escreveu. paguei cada centavo daqueles quase trinta reais e fui embora pro bar mais próximo do mais longe dali.

nenhum agradecimento. meu nome em nenhum momento citado. e eu ali o tempo todo. em cada linha. e eu paguei por isso.