sexta-feira, 27 de novembro de 2009

quem é o mais covarde?

Aceitar um não que não vem é tão difícil
Se ele já veio de tantas formas:
No não dizer, no não fazer, no não convidar

Por que insistimos por um sim que nunca virá?

Então, nos humilhamos por um não certeiro, cada vez mais
Acreditar que não, no fundo, é acreditar no sim
Um sim de outro que não é o mesmo que não diz não

sexta-feira, 17 de julho de 2009

A falta que você me faz

Hoje acordei com você. Você me acordou.

Não. Minto. Estava sonhando com você e acordei: mais fácil assim.

Fazia tempo que eu não sofria por causa de você. Você sabe que estou bem. Que não te procuro. Já faz tanto tempo, não? Mas é assim, bem assim: estou bem.

Eu adorei aquele show, sem você. Me diverti tanto. Mas seria tão melhor se você estivesse lá comigo, entende?

Também adorei jantar com aquele cara. Foi uma noite boa, seguida de carinhos e tudo o mais que eu tenho direito. Mas tu sabe como eu penso, não? Seria tão melhor se fosse com você.

E digo tudo isso assim, pra você, porque sinto tanta, mas tanta falta, que agradeço não ter pagado a conta do meu telefone celular pra não ficar em dúvida se te ligo ou não. Pra não ficar horas pensando (muitas horas) no que te dizer e dizer sempre tudo errado.

Mas mesmo que eu quisesse não poderia te ligar.

Porque no fundo nunca tive você. A única coisa que tenho é a incerteza de que seria tão melhor com você.

Então vou dormir com a certeza de que você não vai me acordar. Boa noite.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Uma carta de amor (um plágio)

E talvez eu goste de ti pelo resto da vida. Pelo que não fomos, pelo que não seremos... ou talvez pelo que poderia ter sido.

O texto é uma cópia, mas os sentimentos são meus. Só meus.

domingo, 3 de maio de 2009

me dizem: desapego

tenho pouco tempo para estragar tudo. tentar, porque não vou conseguir.

desapego, me aconselham.

mas se falta você ali, naquele balcão. naquela pista. naquele caminho. se falta a tua opinião quando entramos naquele lugar cheio de gente feia. cadê o teu deboche?

falta a tua voz, que diria: "sim, mais um bar, mais uma cerveja". uma última dança contigo. um abraço. mais um beijo.

e me aconselham desapego. desapego. e desapego.

domingo, 29 de março de 2009

Quase sem você

Acordo cedo e durmo tarde. E nem eu entendo.

É uma vontade de viver, de sentir, que me sufoca e não me deixa quieto na minha cama. Fico pensando, será que só eu estou assim?

Fico pensando em você e me pergunto, até quando vai sobreviver isso? Finjo que nada acontece, acompanhando o teu ritmo. De repente explode.

E durmo tarde. Acordo cedo.

Sempre sem você. Ou quase.

terça-feira, 24 de março de 2009

contração voluntária

por que tanto fingimento? por que tanto silêncio? por que não as palavras?

nem um movimento da minha parte. músculos contraídos voluntariamente: nada a ver com o coração. por que tu escolheu a tensão? não é demais pra ti? é demais pra mim. mas lá eu fiquei, calmo, quieto. e tu deve ter pensado: dá pra ter por perto. é calmo, quieto. o que importa nessas horas é não fazer barulho.

o problema é a contração invonlutária. e essa não dá pra controlar.

domingo, 8 de março de 2009

a nossa dança

ontem tu me tirou pra dançar.

até hesitei no começo, mas eu não resisto. sabe como é, eu fico sempre nervoso, nunca acho as palavras corretas. daqui um pouco tu me aperta mais forte. teu cheiro fica mais intenso. daí tu me faz rir. tu também ri. e no meio da valsa tu acaricia minha nunca. e volto a ficar sem graça. mas então falo sobre o luar dum jeito que é só meu. e que é diferente. e que não adiantaria explicar pra mais ninguém. porque só tu entende. e eu sei que só tu entende. e tu sabe que eu digo especialmente pra ti. como já estamos em sintonia, é bom, é bom, é bom. tu faz um movimento fora do compasso da banda que toca que só eu entendo. entender, que merda é essa? salão lotado e não precisava de mais ninguém. só eu, tu e a música. por que mais? nos rodopios eu esqueço que lá fora tem uma vida -uma vida que é só tua. melhor esquecer e bailar, bailar, bailar. e nesse meio tempo tu te mostra mais frágil. e eu entendo. e, assim, tu fica mais interessante ainda.

mas os rodopios sempre acabam. e a valsa também. nessa horas esqueço que o nosso bailado é exceção.

uma bonita exceção.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

no fim de um carnaval

o telefone tocou e na tela estava escrito: você. quase não atendi, confesso que bateu um medo. você, você, você.

você, que não tinha assunto pra falar comigo. eu, que tinha tanto pra falar contigo e sempre escolho os temas errados.

você, que sempre dá um jeito de me deixar nervoso. eu, que tenho medo da tua inconstância.

você, sempre seguro nas tuas decisões. eu, sempre esperando pra compartilhar contigo a palavra final.

você, que me liga e desliga. eu, e a minha linha sempre desocupada.

você, com ele. eu, sem você.

tun, tun, tun...

sábado, 31 de janeiro de 2009

Os convites que recusei

Primeiro você me chamou para um passeio de bicicleta, lembra?
Depois, fumar unzinho no parque.
Frequentar o mesmo clube, para nadarmos juntos...

Eu fingi que sim, mas fugi. O mesmo que o não. São cenas urbanas que me cansam. Você sabe bem. Porque teus convites seriam mesmo convites sérios? Porque eu já penso em uma floresta, no primeiro cigarro que eu nunca fumei na adolescência, em nadar num rio do interior.

Nessas horas, penso em ti como a mais pura forma de amor. Um romance juvenil que terminaria em sofrimento. Esquecimento. Anos depois, nos encontraríamos. Eu, advogado bem sucedido me drogando pesado nos finais de semana. Você, jornalista ou publicitário enchendo a cara sempre que o tempo permitisse.

E assim fico aqui, imaginando uma série de coisas que a gente não fez e não vai fazer. Porque não somos mais jovens. Porque os teus sonhos acabaram. Porque os meus sonhos são sempre sonhos.

Fica o abraço apertado daquele dia. Tuas mãos no meu pescoço. Tua cabeça no meu peito. A inveja alheia diante de nossa cumplicidade.

E o teu sumiço.

E o teu medo de mim.

Mas sei, sei bem, que teu sorriso será grande quando me ver. E aí, será que vamos desperdiçar o acaso mais uma vez?