sábado, 31 de janeiro de 2009

Os convites que recusei

Primeiro você me chamou para um passeio de bicicleta, lembra?
Depois, fumar unzinho no parque.
Frequentar o mesmo clube, para nadarmos juntos...

Eu fingi que sim, mas fugi. O mesmo que o não. São cenas urbanas que me cansam. Você sabe bem. Porque teus convites seriam mesmo convites sérios? Porque eu já penso em uma floresta, no primeiro cigarro que eu nunca fumei na adolescência, em nadar num rio do interior.

Nessas horas, penso em ti como a mais pura forma de amor. Um romance juvenil que terminaria em sofrimento. Esquecimento. Anos depois, nos encontraríamos. Eu, advogado bem sucedido me drogando pesado nos finais de semana. Você, jornalista ou publicitário enchendo a cara sempre que o tempo permitisse.

E assim fico aqui, imaginando uma série de coisas que a gente não fez e não vai fazer. Porque não somos mais jovens. Porque os teus sonhos acabaram. Porque os meus sonhos são sempre sonhos.

Fica o abraço apertado daquele dia. Tuas mãos no meu pescoço. Tua cabeça no meu peito. A inveja alheia diante de nossa cumplicidade.

E o teu sumiço.

E o teu medo de mim.

Mas sei, sei bem, que teu sorriso será grande quando me ver. E aí, será que vamos desperdiçar o acaso mais uma vez?

Um comentário:

Anônimo disse...

"E o teu medo de mim." Isso dói na gente, pelo fato de que tá lá, na pessoa. E ficamos impotentes. E não brigamos com esse medo. Não eliminamos. E tudo se perde, lá atrás...